
Há tempos que não escrevo e hoje fui assistir um filme que falava justamente sobre escrever. O filme "Factotum" é baseado na obra homônina de Charles Bukowski e ele fala sobre a necessidade que é escrever. Eu há tempos tenho escondido esta necessidade debaixo do travesseiro. Talvez, esteja numa fase densa demais e escrever pode ser insuportável, pois é trazer à tona dores que não queremos sentir. Tenho minhas feridas, algumas difíceis de cicatrizar. Eu sempre tive problema com perdas. Preciso aprender a me desapegar, acho que assim a vida pode se tornar mais fácil. Tenho dificuldade de me desapegar de objetos, das minhas histórias, dos meus diários empoeirados, dos meus ingressos amarelados, dos meus postais que não vão servir para nada, dos meus cd´s que eu não gosto mais, das minhas roupas velhas,(Bruna que o diga..) das minhas tranqueiras insuportáveis, das minhas lembranças mofadas, das pessoas que não estão mais presentes. E isso faz com que cada final de relacionamento cause em mim uma dor irreparável. O fim pode ser inevitável, pode fazer com que a vida seja mais fácil, mas mesmo assim, eu fico dilacerada, levo tempos infindáveis para me recuperar. O texto é sobre escrever e talvez eu lamente ter perdido meu velho hábito, por querer não registrar as coisas que tenho sentido, por querer esquecê-las ainda. E nem tenho vivido uma fase ruim, mas ela está permeada por lembranças que me fazem mal. Procuro não pensar, procuro não sofrer, mas ultimamente tem sido inevitável. A lembrança, o cheiro que parece estar impregnado no travesseiro, as palavras coladas no ouvido, o sorriso marcado no espelho, o gosto do beijo na boca. E nos últimos dias tudo tem sido tão presente e minhas lágrimas delatam a minha dificuldade em colocar o ponto final, em fazer com que eu me boicote, em fazer eu não desatar esse nó com o passado.Curiosamente estava há pouco lendo meu signo e falava que hoje é um bom dia para organizar minhas coisas e me libertar de laços passados, que ainda estão guardados em guarda-roupas e gavetas. Previsão boba, mas que caiu como uma luva no meu atual momento.Há tempos que eu grito para mim quando olho no espelho "vá viver uma nova história!", mas não permito. Fico buscando histórias que não têm a menor chance de serem concretizadas, porque é mais cômodo. Por que às vezes nos prendemos tanto ao passado? Por que colocar ponto final nas nossas histórias é tão difícil? Estou procurando o meu e talvez ele esteja neste texto.
O dia se passou e eu consegui não pensar no ontem. Algumas coisas me aborreceram, porque tenho me aborrecido com bobagens. Outras coisas me aborreceram, porque ainda fico [in]crédulo diante das reações humanas diante de... bobagens.Eu tenho rompantes, mas felizmente eles acontecem muito de vez em quando. Incrivelmente este mês a má sorte não bateu à porta como tem acontecido neste pequeno [in]ferno que tenho transformado a minha mente. Não é fácil seguir em frente. O filme de ontem [Factotum] me causou um baita desconforto. Deu aquele medo de de repente as coisas pararem de acontecer, de eu estagnar, de eu não querer fazer mais nada, de não ter mais dinheiro, de não ter onde morar, de não ter um emprego, de não ter como pagar um café. São neuras, mas passíveis de acontecer.Não tenho carteira assinada, mas tenho dinheiro guardado no banco, não tenho bens além do meu pretinho básico,minha flauta, um AP em Recife, não tenho muito. E não penso muito nisso também, pois quando penso, eu piro. Se tudo der errado, o que vou fazer? A quem vou recorrer? Hoje ainda é possível fazer as malinhas e desfazê-la no meu velho quarto. Mas e amanhã?Não é fácil voltar atrás, começar de novo, colocar a vida em ordem quando ela se transforma num caos. Mas a desordem já aconteceu de forma necessária, porque às vezes vamos levando e não nos damos conta do caos que transformamos nossa vida, mesmo acreditando que tudo está sob controle. E de repente, um pequeno deslize e o mundo desaba junto.É, 2008 tem sido um dos anos mais turbulentos dessa minha última década e ainda pode acontecer tantas coisas nesses 7 últimos meses. Hoje me sinto estranhamente calma... e Elbow soando nos meus ouvidos completa essa cena em que me encontro hoje. A noticia oa é que tem patrocinadores aos montes batendo na minha porta.Dinheiro sem amor...Será que vale a pena?
No comments:
Post a Comment